O poker, as pessoas e um sábado nublado

Por André Taffarello

Na semana passada, sábado, nove horas da manhã, eu estava na sala de reuniões da ONCLICK. Era uma manhã nublada e fria, daquelas em que o cobertor gruda na pele e fica muito difícil de levantar. Mas era um dia importante e, pensando em uma estratégia pessoal, eu estava lá na hora marcada. Todos estavam. Eram oito ao redor de uma mesa redonda, e um clima de tensão pairava no ar enquanto as cartas eram distribuídas. Começava a primeira rodada do campeonato interno de poker da empresa.

Nessa mesma manhã, o Rafael Julian me pediu para escrever algo sobre as pessoas que trabalham na ONCLICK (“pessoas” não foi exatamente a palavra que ele usou, mas me permitam a leve censura corporativa). Pensei em como é complicado escrever sobre pessoas, em como é fácil ofender ou representar mal. Mas eu posso escrever sobre o ambiente, sobre a empresa. E nada melhor que uma manhã de poker para definir o tom.

O trabalho e os clientes devem ser o objetivo principal de qualquer organização, e com certeza a ONCLICK não foge desta regra. Mas acredito que o trabalho realizado com satisfação, companheirismo e amizade reflete na qualidade do que chega aos clientes. Porque além de linhas de código, instruções, manuais, existe uma humanidade intangível que é embarcada junto do produto. Claro que existem dias longos, problemas aparentemente insolúveis, noites cheias de preocupação. Mas tudo isso fica mais fácil quando ao seu lado vai haver pessoas com quem você sabe que pode contar. Quando você é parado no café para receber um elogio de um gestor referente a um projeto recentemente entregue. E com manhãs nubladas de poker, sinuca e café.

Estou na ONCLICK há dois anos e meio. É um tempo relativamente curto, mas muita coisa já aconteceu comigo e com a empresa nesse período. Mudamos de prédio, pessoas queridas buscaram outros rumos, novas pessoas queridas entraram. Tive problemas e fui apoiado, tive boas ideias, cometi erros, fui orientado e incentivado. Nem sempre concordo com todas as decisões técnicas, mas sempre me senti livre para comentar e divergir.

É bom trabalhar em um lugar de onde posso falar coisas boas sem precisar pensar muito. É essencial, na pressão corporativa da vida moderna, ter companheiros em quem se pode apoiar nas dificuldades, com profissionalismo e confiança. E esse clima interno não se constrói da noite para o dia, é resultado de uma longa cadeia de gentileza e companheirismo que se estende dos cargos mais simples até o proprietário. Por um longo, longo tempo.

Em tempo: perdi o campeonato de poker, mas fico feliz por ter estado lá, naquela manhã nublada de sábado.