Há pelo menos dois anos o tema “Transformação Digital” entrou na pauta da mídia e segue firme e forte gerando muita discussão e também incertezas.
Mas, no Brasil, esse movimento ainda está bastante incipiente. Um levantamento do IDC de 2018 ouviu Diretores de TI de 101 empresas brasileiras sobre os processos de transformação digital. Mais de 73% deles disseram estar na fase inicial de projetos desse tipo, sendo a computação em nuvem a tecnologia mais adotada nesse caminho. Isso indica que a transformação digital está muito mais relacionada ao comportamento humano do que a tecnologias propriamente ditas.
Um exemplo é o que ocorre com os bancos, cada vez mais digitais, que vão fazendo a transferência do modo de atendimento dos clientes tradicionais para os mais novos – em sua maioria milênios, que nasceram na era da Internet e não veem razão alguma para frequentar uma agência bancária (apesar que hoje, nenhuma geração quase mais vê sentido nisso).
E não é só o cliente que impulsiona as empresas a reverem sua forma de atendimento (por múltiplos canais), mas os próprios colaboradores e funcionários, que chegam às empresas carregando uma nova maneira de se apresentar e construir relacionamentos. Esses jovens, assíduos usuários de tecnologia, por certo são os talentos que a empresa vai precisar para dar continuidade e garantir a longevidade dos seus negócios.
Da mesma forma, a relação das pessoas com o trabalho é outra. Com a mobilidade a nosso favor, não precisamos mais ficar presos no escritório aguardando pela resposta importante de um cliente. Por meio dos nossos celulares respondemos a e-mails, acessamos arquivos na nuvem e de imediato damos o retorno esperado, enquanto nos exercitamos na academia ou aguardamos pela consulta médica.
O objetivo desse artigo, portanto, é acalmar os gestores, principalmente os mais conservadores, mostrando que a transformação digital tem sido um processo natural, que vai além da implementação de sistemas ou aparatos tecnológicos dentro do negócio. É uma mentalidade, e todos os negócios, mais cedo ou mais tarde, se verão inseridos nessa realidade.
Você pode até ser resistente a esse movimento, porém relutar significará se ver sozinho enquanto toda a cadeia de clientes e competidores seguem as mudanças que ocorrem no nosso acelerado dia a dia.
Sendo assim, vale a pena antes de sair por aí orçando grandes projetos de transformação digital para a sua empresa, avaliar se você está realmente pronto para as transições de comportamento implícitas nesse atual contexto.
Infelizmente é comum casos de organizações que iniciam grandes projetos de TI com investimentos altos, e depois utilizam menos de um terço dos recursos adquiridos, mesmo sabendo que eles proporcionariam maior produtividade e análise de dados para a tomada de decisões mais assertivas.
Contudo, não posso deixar de lançar o alerta de que a digitalização dos negócios é inevitável e se você deseja vida longa à sua empresa, deve estar atento ao que os seus clientes estão solicitando, por que se você não entregar, seu concorrente irá se aproveitar disso.
A transformação digital pode não ser algo para ontem em termos de urgência, mas com certeza é para hoje. Vá com calma, mas vá!
Marcel Farto, CEO da ONCLICK, é formado em Sistemas de Informação pela Unesp e possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV. O executivo soma 20 anos de experiência no segmento de TI, numa trajetória que mescla empreendedorismo e gestão de negócios. Começou na ONCLICK em 2012 como Diretor de Desenvolvimento, assumindo a presidência em 2014. Antes, foi fundador e CEO da Commit Consulting.