Diferenças entre processador de pagamento e gateway

O e-commerce revolucionou o varejo tradicional, não há dúvidas sobre isso. O último relatório WebShoppers, da Ebit, reafirma a tendência de crescimento do mercado de e-commerce que, apesar da recessão da economia brasileira, continua mostrando resultados positivos ano após ano.

E, à medida que esse mercado cresce e evoluciona, novos agentes e tecnologias surgem e propiciam o desenvolvimento do e-commerce. Por exemplo, existem plataformas de e-commerce que se adaptam às necessidades de cada negócio, desde a loja online vendendo produtos artesanais localmente à gigantes com presença online e física, bem como variadas ferramentas de prevenção de fraude, serviços de logística e provedores de pagamento.

E é justamente no ponto referente a provedores de pagamento que surgem alguns mal-entendidos, como no caso dos termos gateway de pagamento e processador (intermediador) de pagamento utilizados como sinônimos. Ambos oferecem serviços distintos. Entenda seu funcionamento e principais diferenças.

Gateway de pagamento

Este serviço se resume em uma solução técnica que serve para transferir a informação de pagamento entre o comércio online e as adquirentes de cartão e, desta forma, possibilitar que a transação de pagamento seja finalizada com sucesso.

Em outras palavras, é o equivalente online das “maquinhas” usadas para receber pagamentos com cartão nas lojas físicas. Um ponto importante no que se refere a utilização de um gateway de pagamento é que os comerciantes online devem estabelecer relações contratuais não somente com o gateway, mas também com os bancos e as adquirentes de cartão.

Vantagens e desvantagens de um gateway de pagamento

Cada serviço provedor de pagamento têm seus prós e contras e cabe aos lojistas analisar cada ponto para fazer sua escolha. Com relação ao gateway de pagamento, estes são os principais pontos a serem considerados:
Vantagens 

  • Somente uma integração: ao usar um gateway de pagamento, os comércios online só precisam fazer uma implementação técnica, evitando as complicadas integrações com cada banco e adquirente. Além disso, a integração é consistente e o lojista não precisa fazer nada quando ocorrem alterações na integração com os bancos ou adquirentes, já que o gateway se responsabiliza pelos ajustes em sua plataforma.
  • Redução do escopo para cumprir com os requisitos PCI DSS: o PCI DSS é um padrão de segurança mundialmente reconhecido para que as transações com cartão de crédito sejam processadas de forma segura. Usando um gateway de pagamento, as lojas online se beneficiam da redução do escopo para cumprir com os requisitos PCI DSS quando os dados do cartão de crédito são enviados diretamente do navegador do comprador para o gateway, sem passar pelos servidores dos lojistas.
  • Checkout transparente: devido aos mal-entendidos sobre os termos referentes à provedores de pagamento online, muita gente pensa que um gateway não proporciona um checkout transparente. No entanto, o mesmo não é uma carteira virtual. Por isso, normalmente a integração de um gateway de pagamento possibilita ter checkout transparente na loja online.
  • Prevenção de fraude: apesar de que um gateway de pagamento não filtra ativamente as transações, a maioria dos provedores de serviços de gateway oferecem ferramentas de prevenção de fraude. A PagBrasil, por exemplo, disponibiliza o PagShield sem a necessidade de integrar outra API, bem como a possibilidade de utilizar os serviços antifraude da Konduto e da ClearSale sem integrações adicionais.
  • Reconciliação: a liquidação é feita diretamente pelas adquirentes aos comerciantes, mas isso não impede que os gateways de pagamento ofereçam serviços adicionais de reconciliação que incluem completos relatórios das transações.
  • Relatórios (Business Intelligence): no quesito relatórios, as adquirentes normalmente disponibilizam uma informação muito básica e relatórios simplificados. Um gateway de pagamento, por outro lado, pode proporcionar uma ampla variedade de gráficos e relatórios para ajudar os lojistas a terem uma visão completa de toda a operação.

Desvantagens 

  • Relações contratuais: apesar da abertura do mercado de adquirência no Brasil, ainda existem bandeiras que são aceitas somente por determinadas adquirentes. Para aceitar todas as bandeiras de cartões em suas lojas online, os comerciantes devem estabelecer distintas relações contratuais com cada adquirente.
  • Gestão de risco: como comentado anteriormente, os gateways não filtram as transações ativamente (se não houver um serviço antifraude ativo). Por isso, os lojistas precisam investir na gestão de risco para manter suas taxas de chargeback sob controle e evitar penalizações por parte das adquirentes e garantir a saúde financeira de seus negócios.
  • Taxa de instalação: integrar uma plataforma de gateway em um site de e-commerce implica o pagamento de uma taxa de instalação. Igualmente, a integração de serviços de reconciliação também acarreta custos adicionais de instalação.
  • Liquidação: o pagamento por parte das adquirentes brasileiras de cartão é feito com um atraso de 31 dias. Há a possibilidade de antecipar os pagamentos, no entanto, as taxas de juros aplicadas são bastante elevadas.

Processador de pagamentos

Também chamado de intermediador de pagamentos, um processador é quem faz a ponte entre a loja online e as adquirentes de cartão e os bancos. Ou seja, é um intermediário. O processador normalmente oferece um serviço completo, contemplando tanto o processamento técnico do pagamento como a coleta do dinheiro. Contudo, há situações nas quais também pode oferecer somente o serviço de gateway. No caso do serviço completo (processamento e coleta), cabe ao processador de pagamentos estabelecer todos os contratos com as adquirentes e bancos, bem como fazer liquidação dos fundos coletados.

Vantagens e desvantagens de um processador de pagamentos

Assim como o gateway, o uso de um processador de pagamentos também tem seus pontos positivos e negativos. Veja abaixo os prós e contras.
Vantagens 

  • Uma integração para todos os métodos de pagamento: sabemos que o cartão de crédito não é o único método de pagamento utilizado pelos brasileiros na hora de pagar por suas compras online. Uma grande vantagem de usar um processador de pagamentos é que estes normalmente oferecem uma ampla gama de opções de pagamento, como o boleto bancário, transferência bancária online e cartões de débito. Basta integrar somente uma API para ter acesso a todos os métodos de pagamento disponibilizados pelo processador.
  • Somente uma relação contratual: outro ponto destacável a favor do processador de pagamento se refere às relações contratuais. Os lojistas somente precisam assinar um contrato com intermediador para ter acesso a todas as bandeiras de cartões e métodos de pagamento.
  • Checkout transparente: responsável por melhores taxas de conversão graças a uma experiência de pagamento sem atritos, o checkout transparente normalmente é possível quando se usa um processador de pagamentos. Independentemente da forma de integração (API, iFrame ou extensões para as plataformas de e-commerce), é possível obter o checkout transparente. A PagBrasil, por exemplo, oferece o checkout transparente para integrações via API, iFrame ou seus plugins para WooCommerce e Magento.
  • Prevenção de fraude: assim como os gateways, os intermediadores de pagamento também costumam ter suas próprias soluções de prevenção de fraude. No entanto, também são compatíveis com a integração de serviços antifraude de terceiros.
  • Reconciliação: ao contrário dos gateways, os processadores de pagamentos incluem o serviço de reconciliação de forma pré-determinada quando se utiliza o serviço completo de processamento e coleta.
  • Pagamento antecipado: geralmente, é possível antecipar os pagamentos quando se utiliza um intermediador de pagamento. A maioria deles disponibiliza o pagamento antecipado para compras parceladas, ao contrário das adquirentes, que fazem os repasses mês a mês e cobram altas taxas para a antecipação dos fundos.

Desvantagens

  • Taxas mais elevadas: ao contrário dos gateways de pagamentos, que cobram somente uma taxa fixa por transação, os intermediadores de pagamentos cobram uma taxa variável, além da taxa fixa. Como os processadores precisam pagar as adquirentes e bancos e, claro, obter alguma margem de lucro para justificar a sua existência, as taxas podem ser mais caras que as negociadas diretamente com bancos e adquirentes. Apesar disso, deve-se destacar que somente os comerciantes com um volume importante de vendas têm probabilidades de conseguir negociar melhores taxas diretamente com estas entidades.
  • Frequência de liquidação: mesmo com o atraso de 31 dias no pagamento por parte das adquirentes, os comerciantes podem receber os fundos diariamente para os pagamentos feitos 31 dias atrás. No entanto, os processadores de pagamento, por outro lado, costumam ter datas fixas para realizar as liquidações.

Como se pode observar, os serviços realmente são distintos e entender as diferenças entre ambos é fundamental para escolher a melhor alternativa para o seu e-commerce. Geralmente, a alternativa oferecida pelos gateways de pagamento é mais utilizada por negócios com maiores volumes de vendas. Já os comerciantes pequenos e médios tendem a preferir o serviço completo oferecido por um intermediador de pagamento, pois o mesmo simplifica suas rotinas de negócio.

No entanto, existem provedores de pagamento no mercado que oferecem uma opção híbrida. Tal alternativa consiste na combinação dos serviços de gateway para cartões de crédito e o de intermediação para os demais métodos de pagamento, o que atende a necessidade de escalabilidade de negócios de médio e grande volume e ainda assim permite manter tudo em uma única integração técnica.

Fonte: Ecommerce Brasil